Literatura bem teatralizada
Daniel Alvim e Tania Casttello em Maria Miss, em cartaz no CCBB (Foto: João Caldas)
Maria Miss – transposição cênica do conto Esses Lopes, inserido no livro Tutameia – revela ao espectador um Guimarães Rosa que privilegia o humor em detrimento do macabro na apresentação da jornada de uma mulher que, cruelmente subjugada por homens que a maltratam, reverte a sua condição desfavorável. O autor não julga a personagem, no que se refere ao modo como inverte a tradicional relação entre dominador e dominado, conforme se pode perceber na adaptação de Evill Rebouças realizada juntamente com a diretora Yara de Novaes e o elenco.
Yara de Novaes faz boa utilização de elementos ou partituras que sintetizam teatralmente as relações entre a protagonista e os homens, como a corda e a “coreografia” de movimentos repetitivos que realçam o cotidiano opressivo. Os atores – Tania Casttello, Plinio Soares e Daniel Alvim – compõem os personagens de maneira precisa e fluente, imprimindo – em especial, no caso da atriz – vivacidade em cena.
A cenografia de Marcio Medina confina, a partir de determinado momento, as ações de personagens limitados a universos restritos, perspectiva que a protagonista deseja ampliar, a exemplo de seu sonho de se tornar miss. Os figurinos, também de Medina, são adequadamente gastos e evidenciam harmonia cromática. A iluminação de Wagner Freire se distancia de certo padrão solar na evocação do sertão. A trilha sonora de Rodrigo Mercadante e Mauricio Damasceno valoriza a cena final com a Canção das Misses. A montagem de Maria Miss desponta como um destaque no panorama do teatro carioca.
Lia
17 de agosto de 2013 @ 14:28
Assisti o espetáculo e me surpreendi com a “virada” da história e o humor. Os Lopes e Maria Miss envolvem, cativam e tocam os corações. Especialmente das mulheres. Sai com gosto de quero mais.
Irei novamente dia 19!