Evidente domínio da síntese
Nem Mesmo Todo o Oceano: caudalosa obra materializada em cena (Foto: Victor Haim)
À frente da Cia. OmondÉ, Inez Viana segue fiel na trilha do texto brasileiro depois das experiências de As Conchambranças de Quaderna, a partir de Ariano Suassuna, e Os Mamutes, de Jô Bilac. Agora, transporta para o palco Nem Mesmo Todo o Oceano, caudaloso livro de Alcione Araújo. A adaptação, realizada pela própria Inez (com consultoria dramatúrgica de Pedro Kosovski), apresenta, com bastante clareza, os dilemas éticos do protagonista, que se vê cada vez mais atado aos porões da ditadura militar, panorama histórico emoldurado por evocações políticas (a morte do estudante Edson Luís) e culturais (o filme Deus e do Diabo na Terra do Sol, a música Carcará, o show Opinião).
O grande mérito da montagem de Nem Mesmo Todo o Oceano, em cartaz no Sesc Copacabana, reside na direção de Inez Viana, que investe numa cena quase destituída de cenografia, reduzida a apenas duas cadeiras (concepção de Inez e Cláudia Marques). A natureza sintética do trabalho – exercitada, anteriormente, com brilho pela diretora através do recurso dos biombos em As Conchambranças de Quaderna – valoriza o jogo interpretativo e os atores se revezam entre os personagens do livro, transitando entre a narração e a vivência. As figuras circunstanciais, coadjuvantes, que atravessam a obra de Alcione Araújo são sugeridas com pinceladas grossas, apressadas, que realçam, com eficiência, o humor em detrimento de desenhos sutis.
Mas os atores (Leonardo Brício, Iano Salomão, Jefferson Schroeder, Junior Dantas, Luís Antonio Fortes e Zé Wendell) formam um conjunto desnivelado, apesar de integrado à proposta do espetáculo. O elenco evidencia certo grau de insegurança em relação ao texto (na noite de estreia, os lapsos de memória foram constantes, problema que, com certeza, será solucionado no decorrer da temporada). Além disso, se por um lado a ausência de objetos e adereços em cena responsabiliza ainda mais os atores no que se refere à condução da montagem, por outro a diretora procura minimizar fragilidades interpretativas por meio de um ritmo intenso e de um fluxo contínuo, objetivo em parte alcançado. Bem resolvido em sua configuração, Nem Mesmo Todo o Oceano soma pontos com os figurinos neutros de Flávio Souza, a direção musical de Marcelo Alonso Neves, que imprime tensão de maneira adequadamente discreta, e a iluminação de Renato Machado, determinante na materialização de uma atmosfera algo opressiva.
Alberto
24 de agosto de 2013 @ 00:31
Oi Daniel, acabei de descobrir o seu blog, porque busco saber qual o nome da música que toca no final de Nem mesmo todo o Oceano, você saberia qual é?
obrigado.
Alberto
danielschenker
28 de agosto de 2013 @ 18:21
Oi, Alberto,
Vou perguntar. Assim que souber, aviso.
Abraço,
Daniel
danielschenker
28 de agosto de 2013 @ 18:54
Oi, Alberto,
A música é Una Furtiva Lacrima, de Donizetti, na voz de Pavarotti.
Abraço,
Daniel
danielschenker
28 de agosto de 2013 @ 18:54
Oi, Alberto,
A música é Una Furtiva Lacrima, de Donizetti, na voz de Pavarotti.
Abraço,
Daniel
Alberto
28 de agosto de 2013 @ 20:25
Daniel
Grato.