Entre a proposta e a realização
André Vieira, Marya Bravo e Thuanny Parente em Vampiras Lésbicas de Sodoma (Foto: Arthur Seixas)
A montagem de Vampiras Lésbicas de Sodoma ocupa, como proposta, um espaço simpático e pouco valorizado dentro do campo do musical devido ao seu porte reduzido (de bolso), à conexão com a atmosfera de cabaré, ao investimento em humor nonsense e ao perfil underground. A despretensão da encenação contrasta com a crescente ambição que cerca o gênero musical. Não significa, porém, que o trabalho em questão não surja revestido de cuidados técnicos. Entretanto, há um certo descompasso entre o projeto e o resultado, que volta a ser apresentado, exclusivamente às quartas-feiras, no Teatro Café Pequeno.
O texto de Charles Busch, mostrado em circuito off-Broadway, é uma sucessão de gags em torno do embate entre duas vampiras na Hollywood de 1920 e na Las Vegas de 1980. O diretor Jonas Klabin se preocupou em aproximar o original do contexto brasileiro por meio de referências (como ao elevado da Perimetral) que soam tão-somente postiças. A tentativa de produzir fricção entre passado e presente (google, facebook) desponta como desgastado procedimento de humor. Um tanto esgarçado – a divisão em dois atos não se justifica –, o espetáculo tem o seu momento mais divertido (mesmo que arbitrário) na imitação do registro vocal da atriz Fernanda Montenegro. No elenco, Marya Bravo se destaca pela bela voz e Thiago Chagas e Davi Guilhermme (responsável pela direção musical), pela sintonia com o clima de deboche. André Vieira tira melhor partido dos números dos guardas que Thadeu Matos em conjunto que conta ainda com Thuanny Parente e Thiago Páschoa.