Diferenciais a partir de modelo conhecido
Rodrigo Alzuguir, Milton Filho, Claudia Ventura e Alexandre Dantas: Amigo Cyro (Foto: Silvana Marques)
A encenação de Amigo Cyro, muito te Admiro!, em cartaz no Teatro II do Centro Cultural Banco do Brasil, reúne vertentes valorizadas pelo diretor André Paes Leme ao longo dos anos, como a conexão com o gênero musical – em formato (de bolso) e temática (brasileira) – e um registro de atuação entre a narração e a “vivência”.
Esta última característica imprime um diferencial ao modelo de musical biográfico, no qual essa montagem inevitavelmente se inscreve ao homenagear a trajetória do cantor e compositor Cyro Monteiro. O destaque ao jogo interpretativo dos atores – que, além de transitarem entre certo distanciamento da narração e comprometimento da “vivência”, dividem o mesmo personagem (Monteiro) e evocam vários outros coadjuvantes, normalmente através de composições mais evidenciadas – exige maior atenção do público.
Os princípios artísticos que regem o espetáculo tendem a “igualar” as atuações. Ainda assim é possível detectar uma leve oscilação que, porém, não chega a desequilibrar o resultado. Se Alexandre Dantas e Rodrigo Alzuguir (autor do texto) demonstram familiaridade com a proposta lançada, Milton Filho envereda pelo histrionismo e Claudia Ventura se impõe pela bela voz e expressiva presença.
A cenografia de Carlos Alberto Nunes ambienta, com simpatia, a jornada de Cyro Monteiro num bilhar – por meio de uma mesa de sinuca, um pequeno quadro negro e alguns caixotes – e os figurinos, também de Nunes, trazem discretas variações a partir de um conjunto uniforme. Cabe realçar a integração dos músicos – Lucas Porto, Luis Barcelos (responsável por direção musical e arranjos), Marcus Thadeu e Gilberto Junior (substituindo Levi Chaves) – à cena e a direção de movimento de Duda Maia.