Fernanda Montenegro brilha em noite de O Homem Travesseiro
Bastante aplaudida, a atriz foi a homenageada do 7º Prêmio APTR de Teatro (Foto: Cristina Granato)
Peça de Martin McDonagh, O Homem Travesseiro saiu da 7ª edição do Prêmio da Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro (APTR) com os prêmios de melhor espetáculo, direção (Bruce Gomlevski) e ator coadjuvante (Tonico Pereira, lembrado ainda por seu trabalho em A Volta ao Lar). A vitória serve de incentivo ao projeto da Cia. Esplendor, capitaneada por Bruce, que investe na força da dramaturgia contemporânea, a julgar pelas encenações de textos como Festa de Família, de David Eldridge, mas sem perder de vista a consistência de autores como Harold Pinter. Nos espetáculos da companhia, Bruce, conhecido como ator, tem se destacado como diretor, conforme comprovado no Prêmio APTR.
Nas demais categorias, o júri abriu espaço para a comédia (Gregório Duvivier pelo monólogo Uma Noite na Lua, encenado, anos atrás, por Marco Nanini), o musical (Tim Rescala, por Era uma vez… Grimm, Vanessa Gerbelli por Quase Normal, Marcela Altberg pelo trabalho de casting) e a dramaturgia clássica (o prêmio para Simone Spoladore, ligado à montagem de Felipe Vidal para Depois da Queda, de Arthur Miller, e para Tonico Pereira, também pela versão de Bruce Gomlevski para A Volta ao Lar, de Harold Pinter). Dramaturga em ascensão, integrante da Cia. Quem são esses Caras?, Carla Faour foi contemplada por Obsessão. Nas categorias técnicas, a cenógrafa Aurora dos Campos e as diretoras Maria Silvia Siqueira Campos e Miwa Yanagizawa ganharam pela cenografia de Breu, bastante minuciosa em seu detalhamento realista e, ao mesmo tempo, misteriosa, seja por ser percebida pelo público na penumbra, seja pela materialização de espaços estranhos, como o jardim de terra infértil; Teca Fichinski voltou a subir ao palco pela impactante criação do vestido de Valsa nº 6, também agraciada com os prêmios Shell e Questão de Crítica; Maneco Quinderé venceu pelo conjunto dos trabalhos; e Tim Rescala, por Era uma vez… Grimm. Já os produtores da APTR premiaram as montagens de O Desaparecimento do Elefante e Gonzagão, a Lenda.
Mas a estrela da cerimônia – realizada no Imperator, tendo como apresentadores os atores Charles Fricks e Dani Barros – foi, sem dúvida, a homenageada: Fernanda Montenegro. A atriz resumiu seu vínculo com o teatro: “a minha vida se conta pelo palco”, disse, referindo-se a uma carreira que começou no rádio e atravessou renomadas companhias (como o Teatro Popular de Arte/Companhia Maria Della Costa, o Teatro Brasileiro de Comédia e o Teatro dos Sete) e somou muitos espetáculos avulsos bem-sucedidos, como É… – montagem de Paulo José para o texto de Millôr Fernandes –, As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant – aclamada encenação da obra de R.W. Fassbinder, sob a condução de Celso Nunes –, Dona Doida – Um Interlúdio – mergulho na poesia de Adélia Prado em monólogo dirigido por Naum Alves de Souza –, The Flash and Crash Days – aposta na assinatura personalizada de Gerald Thomas – e Viver sem Tempos Mortos – projeto que determinou seu retorno ao teatro, em parceria com Felipe Hirsch –, só para citar alguns exemplos.
Os profissionais que entregaram os prêmios marcaram a trajetória de Fernanda Montenegro, como Otávio Augusto (que está sendo atualmente dirigido por Fernanda), Jacqueline Laurence, Suely Franco, Camilla Amado, Glorinha Beutenmuller, Ricardo Blat, Tonico Pereira, Vinicius de Oliveira, Louise Cardoso e sua produtora, Carmen Mello. Em seu discurso de agradecimento, Fernanda dedicou a homenagem a dois atores que se notabilizaram na comédia: Eva Todor e Jorge Dória. E o 7º Prêmio APTR evocou a importância da produtora Regina Malheiros, que morreu recentemente, e trabalhou com Fernanda no Teatro dos Sete.
Premiados:
Espetáculo: O Homem Travesseiro
Direção: Bruce Gomlevski (O Homem Travesseiro)
Autor: Carla Faour (Obsessão)
Ator em Papel Protagonista: Gregório Duvivier (Uma Noite na Lua)
Atriz em Papel Protagonista: Vanessa Gerbelli (Quase Normal)
Ator em Papel Coadjuvante: Tonico Pereira (A Volta ao Lar e O Homem Travesseiro)
Atriz em Papel Coadjuvante: Simone Spoladore (Depois da Queda)
Cenografia: Aurora dos Campos, Maria Silvia Siqueira e Miwa Yanagizawa (Breu)
Figurino: Teca Fichinski (Valsa nº 6)
Iluminação: Maneco Quinderé (A Marca da Água, A Primeira Vista, Édipo Rei e O Outro Van Gogh)
Música: Tim Rescala (Era Uma Vez… Grimm).
Especial: Marcela Altberg (pelo casting em musicais)
Produção: O Desaparecimento do Elefante (Gávea Filmes) e Gonzagão, a Lenda (Sarau)