Indicações ao Prêmio Shell contemplam a diversidade
Cena da montagem de Vestido de Noiva, indicada nas categorias cenografia e iluminação (Foto: Dalton Valério)
Montagens com perfis diversos – e, em alguns casos, contrastantes – foram contempladas nas indicações do primeiro semestre à 26ª edição do Prêmio Shell. O monólogo Moi Lui, o musical Como Vencer na Vida sem Fazer Força, a nova versão para o clássico Vestido de Noiva e o investimento no humor refinado de A Arte da Comédia saíram na frente. Cada espetáculo recebeu duas indicações.
Apropriação Molloy, romance de Samuel Beckett, Moi Lui perpetua o trabalho que vem sendo desenvolvido por Ana Kfouri, que retomou o trabalho de atriz em solos realizados a partir de obras de Valere Novarina e Beckett. Estudiosa da obra do dramaturgo irlandês, Isabel Cavalcanti (que dirigiu Sergio Britto em A Última Gravação de Krapp/Ato sem Palavras 1) foi indicada, juntamente a Tomás Ribas, responsável por belíssima iluminação.
Renato Carrera realizou apropriação de impacto de Vestido de Noiva, peça de Nelson Rodrigues que permanece como divisora de águas do teatro brasileiro, em espetáculo lembrado pelas marcantes concepções de Renato Machado (iluminação) e André Sanches (cenografia). Distanciando-se das propostas investigativas, mas buscando precisão no registro de humor do napolitano Eduardo De Filippo (autor encenado anteriormente em montagens de Sábado, Domingo e Segunda e Filumena Marturano), Sergio Módena acertou na direção de atores em A Arte da Comédia, a julgar pelas indicações a Ricardo Blat e Thelmo Fernandes. E a dupla Charles Möeller/Claudio Botelho comprovou habilidade na condução de musicais de grande porte. Em Como Vencer na Vida sem Fazer Força, Rogério Falcão (cenografia) e Marcelo Pies (figurinos) reconstituíram, de forma divertida, o ambiente empresarial, institucionalizado, asséptico das grandes corporações.
Também receberam indicações as atrizes Camilla Amado, que interpretou personagem vitimada pelo Alzheimer em O Lugar Escuro, texto que guarda conexão autobiográfica, a cargo de Heloisa Seixas (adaptado de seu livro homônimo), e Suely Franco, como Edith Ewing Bouvier Beale, matriarca na fase decadente da lendária propriedade de Grey Gardens. No quesito direção desponta ainda Rodrigo Portella, que realçou a construção da cena diante do público em Uma História Oficial, encenação da Cortejo Cia. de Teatro, de Três Rios. E cabe mencionar as indicações de Antonio Guedes, pelos figurinos de O Médico e o Monstro, Gabriel Moura e Rodrigo Penna – respectivamente, pelas trilhas de Cabaret Dulcina e Edukators.
Na categoria autor, uma única indicação – para Julia Spadaccini, por Aos Domingos – evidencia a fragilidade dos textos brasileiros nesse primeiro semestre de 2013. E na categoria especial (agora, rebatizada de inovação), Marcus Vinicius Faustini foi destacado com justiça pela formulação do projeto Home Theatre, que levou cenas para casas de moradores espalhadas pelo Rio de Janeiro, visando a um contato próximo entre atores e espectadores.
Indicações:
Autor: Julia Spadaccini (Aos Domingos)
Diretor: Isabel Cavalcanti (Moi Lui) e Rodrigo Portela (Uma História Oficial)
Ator: Ricardo Blat (A Arte da Comédia) e Thelmo Fernandes (A Arte da Comédia)
Atriz: Suely Franco (As Mulheres de Grey Gardens) e Camilla Amado (O Lugar Escuro)
Cenografia: André Sanches (Vestido de Noiva) e Rogério Falcão (Como Vencer na Vida sem Fazer Força)
Figurino: Marcelo Pies (Como Vencer na Vida sem Fazer Força) e Antonio Guedes (O Médico e o Monstro)
Iluminação: Renato Machado (Vestido de Noiva) e Tomás Ribas (Moi Lui)
Música: Gabriel Moura (Cabaret Dulcina) e Rodrigo Penna (Edukators)
Inovação: Marcus Vinícius Faustini pelo conceito e proposta do Festival Home Theatre